quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Terapia é terapêutico?

Um dia você está lá no seu quarto, chorando cachoeiras densas e frias, pensando que nada mais pode salvar você que não um bom pedaço de chocolate ao leite (nada de amargo, porque não combina com momentos-drama) e tem um belo clique: tenho que fazer terapia, só assim resolverei meus problemas.

Depois de algumas indicações e um bom contato, lá está você sentada diante de uma pessoa que nunca viu e terá que compartilhar segredos de infância.

A primeira sessão é aquele bololô de nada com alguma coisa que faz você pensar que não precisa estar ali, na verdade. Você vai contando tudo que te aflige e seu caro terapeuta te olha sem demonstrar muita emoção. Você começa a pensar que o problema é que você não tem problemas de verdade, que aquilo é desnecessário e que de repente a sua vizinha precisa de terapia, você não.

Mas você não desiste, porque não você é uma pessoa que desiste. É brasileira, afinal.

Na sessão seguinte, aprofunda-se em um ou outro problema e a coisa começa a ficar menos confusa e mais interessante. De repente, você vai acabar tirando algo dali - você pensa -, vai saber.. - nem que seja o bando de porcaria que você não pode vomitar na frente da sua amiga, mas pode contar em tom de escândalo para aquele a quem você paga tão duramente demasiado.

Na terceira sessão, você começa a achar que aquilo tem um sentido muito interessante, porque mesmo fora do consultório, você começa a perceber várias coisas, a concatenar idéias e perceber o quão idiota você é e quantos defeitos na verdade são defeitos seus mesmo, e não mera circunstância casual daquele momento ali rapidinho e nada mais. Hum... muito interessante!

Na quarta sessão, você começa a ficar puta. Eu convivo comigo mesmo por tantos anos e nunca tinha percebido isso? Que bosta de retardada sou é?

Na quinta sessão, você começar a se irritar porque seu terapeuta quase dorme enquanto você fala. Você achava que era um mero clichê, mas não, ou a coisa é mesmo assim, ou sua história é muito pouco interessante. Então, permaneçamos pensando que é mal de terapeuta.

Na sexta sessão, você se acha muito vitoriosa, afinal, só pessoas que são muito pessoas para aturar aquele blá blá blá semanal de descobrir a si mesmo e ainda tirar algo produtivo disso (Tô procurando até agora a produtividade de me descobrir perfeccionista que não transgride, crítica comigo e com os outros etc etc etc).

Na sétima sessão, você relaxa com o preço da consulta e tenta enveredar o papo para a política. Afinal, vamos falar de algo nacionalmente importante, e não perdamos tempo com minúncias de uma vida só.

Na oitava sessão, você acha que está na hora de parar, porque se a idéia é pagar um rim por hora para sentar em uma sala semanalmente para contar caso para uma pessoa que quase dorme, então simbora pra um barzinho gastar os tubos nas caipirinhas porque pelo menos no final todo mundo sai ganhando.

E assim sucessivamente. A coisa é toda cíclica, então às vezes você sai muito feliz e às vezes você não sai tão animada. Mas é assim mesmo, ele bem que me avisou que terapia tem altos e baixos e o que se deve é persistir porque no final você encontrará Jesus. hahaha Brincadeirinha, mas é assim mesmo, uns dias melhores que outros, como a vida.

Mas pelo menos essa é aquela uma hora semanal em que você senta e respira um pouquinho mais lento para falar do que você quiser.. seja do mundo, das pessoas ou mesmo de você. Então, tá valendo!

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